quinta-feira, 6 de março de 2008

Há algum tempo as pessoas se comunicavam apenas por cartas e fiquei imaginando quanto tempo demorava,o quanto de coisa acontecia enquanto a correspondência não chegava.
Agora no tamborilar dos dedos no teclado, podemos trocar idéias, fazer amizades, nos apaixonar, conhecer pessoas distantes, pessoas de tão perto.
Participar da vida do outro, compartilhar, chorar, ajudar, ser ajudada, praticamente em tempo real.
As palavras têm que se virar para se tornar quentes, vivas e contrariar a aparência fria da tela do computador.
O e-mail é a forma do se mostrar, do deixar-se conhecer, através das palavras, se fazer perto, presente.
E nessa troca de e-correspondências, os laços se criam e são fortalecidos.
A cada mensagem:
Você tem novas mensagens ou Caixa de Entrada.

*

Melhoras!

*

Tudo fica muito aparente, o pensamento distante, interrogação declarada.
Até descobrir os caminhos, ou a melhor forma de resolver, a nuvem permanecerá.
Ainda bem que é por pouco tempo, até resolver, mesmo que seja parcialmente.
Depois de fazer o que pode ser feito, a nuvem cinza se desfaz e a vida segue.

*

Desconcentrada, foi a palavra.
Ou concentrada?
Concentrada em algo, desconcentrada para o resto.

*

Chegou repentinamente, se instalou e começou a tagarelar.
A impetuosidade juvenil às vezes assusta e de certa forma alegra.
Sem saber se o conhecia, de onde conhecia, do que ele estava falando.
O livro foi a ponte.
Ela não o conhecia, ele simplesmente apareceu do nada, assustando-a.
Em menos de 10 minutos, havia dito muito de sua vida, inclusive dos seus sonhos.
A coragem de chegar a alguém distraída, de certa forma séria, incita.
Da mesma forma que chegou, ele saiu, sorrateiramente.
A viagem acabou ele se despediu e levantou.
De bermuda caqui, blusa branca e mochila nas costas.
Ela não sabe seu nome, tão pouco ele o dela.
Mais uma conversa, um encontro, um rosto, um olhar, muitos pensamentos.

Um comentário:

Pula disse...

Li este sobre as cartas e as mensagens. Ih, eu me acho tão jovem, mas sou já de um tempo onde na minha adolescência se trocavam cartas. Demoravam 2 dias na mesma cidade, 1 semana entre cidades e 15 dias entre países. Hj, as mensagens voam no espaço cibernético, tão rápidas. Aquela emoção que sentimos ao vermos o remetente do e-mail se dissolve em um click. Com as cartas a espera potencializava a emoção. O susto da caixa de correio. Outra grande diferença, para mim fundamental, é que as cartas vinham diretamente das mãos das pessoas, com a letra e o cheiro dos entes queridos. Com fotos de paple, desenhos e perfumadas. Aquela pessoa distante estava ali presentificada. Esta sensação, e-mail nenhum substitui. Minha caixa de correio hj é recheada de contas e propaganda. Quase não tem sustos. previsível.