sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

A casa, limpa.
A musica, tocada.
A memória, mexida.
A lembrança, reeditada.


O tempo passou.
A casa ficou.
As pessoas ficaram.
Outra pessoa voltou.
E as coisas mudaram.

O tempo passou.
Muita gente chegou.
O mundo cresceu.
A visão mudou.

Pensou-se em quantidade.
O quanto de gente conheceu.
Pensou-se na qualidade.
E no quanto esse tempo valeu.

A menina mudou, cresceu.
A menina chora, sorrir.
A menina virou mulher.
A vida da menina começou a mudar antes mesmo dela partir.


*

No meio do caminho, a surpresa.
No meio do caminho, tarde quente, terra seca, sol a pino.
No meio do caminho, porteiras.
No meio do caminho, o rio, seco.
No meio do caminho, ele, caminhando, com o sol na cabeça.
E no caminho, a casa simples, de gente simples.

Gente simples, com olhar curioso, com jeito bondoso.
Água de pote, copo de alumínio.
Na parede, santos, muitos quadros.
Quadros de santo.
Eram muitos, conhecidos e desconhecidos, de vários tamanhos.
Independentemente da crença.
Seria lindo, um presente de um novo quadro pra aquela coleção.
Um quadro bonito, um santo bonito.
Para incrementar ainda mais toda aquela devoção.
Os olhos viram, o coração sentiu, os pensamentos foram a mil.


*

Nem todos, nem tudo são do jeito que se quer.
Nem todo mundo combina com todo mundo.
E não é preciso ta perto pra saber disso tudo.

A vida corre, as pessoas aprendem.
A vida corre, as pessoas convivem.
A vida corre, e quanto mais se vive, mais se aprende:
Como viver, e como sobreviver.
Perto ou longe de quem se (não) quer.


*

A maior surpresa, é surpreender-se.
É agir de forma diferente, não de caso pensado, mas simplesmente por sentir e agir daquela maneira.
O que era pra chatear, não perturba.
O que não era pra doer, machuca.


*

Apagaram a luz.
Tiraram o vento.
Roubaram o sono.
Deixaram-nas quase ao relento.

Acampamento.
Risada.
De certa forma, divertimento.
Mancada.

A noite avança.
A cama tem espinhos.
Morfeu não chama.
E o sono, só em pedacinhos.

A tv ligada.
Programa favorito.
Mas será que é hora,
Pra ta de conversa fiada com o filho.


O dia chega.
O relógio desperta.
Antes mesmo de abrir os olhos, penso:
Tomara que já chegue à noite.
E a luz retorne.
E que Morfeu, aquele do sono, me chame.
Pois to com sono e dor de cabeça.
Por uma noite mal dormida.
No escuro e sem vento.
Só com a historia do esquecimento.
Tenho mais essa perola pra minha vida.


*


Na vitrola: Emmerson Nogueira.