Ela lembrou as minhas viagens, minhas grandes viagens quando criança.
Mãe é mãe, não tem jeito.
“lembrei tanto de você hoje, daquelas suas viagens de madrugada, pro atletismo”
Isso tudo porque minha priminha foi a primeira viagem sozinha, e meu pai foi deixá-la na escola.
Relembrei, primeiras viagens, cidades novas, viagens longas (as cidades eram do lado), novos cheiros, gosto da paisagem, do que fica gravado, mas o cheiro dos lugares, aromas específicos.
A primeira de todas não foi pro atletismo, foi num movimento da igreja, as “Cruzadinhas”, foi tão legal, conheci Cruzeta, vi tanta gente nova, tanta criança, so não me diverti mais, porque tinha muita missa, muito encontro, mas foi bem legal.
As viagens do atletismo, essas foram mais custosas, mais trabalhadas, lembro do meu técnico e minha mãe falando com meu pai, por pelo menos um mês pra convencer a fera.
Essa era uma grande questão quando criança, como eu ia me virar, sair, viajar, já que meu pai não me deixava muito livre.
Vixi, tantos anos se passaram, e andorinha dele, so não voou mais, porque não teve chance, mas toda oportunidade, foi oportunidade aproveitada.
Lembrei das viagens e do aroma dos lugares.
Do aroma de Natal, quando fiquei alojada no Campus, lá do ginásio, vi aquele momento de prédio, luzes amareladas, e um cheiro indescritível, e eu ainda nos sonhos juvenis, falei pra mim mesmo: ainda vou morar num desses prédios.
Ainda não to morando nos prédios altos, nem sinto aquele cheiro de antes.
Mas estou aqui.